PONTO DE ENCONTRO

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PONTO DE ENCONTRO - PARAGUASSU - JUVEVÊ

terça-feira, 27 de julho de 2010

MASSATO ODA - PARTE 1 - A DESCOBERTA


Ano passado num sábado qualquer desses típicos de inverno: frio, seco e sem uma única nuvem no céu, perfeito para um por de sol nos Campos Gerais; os Batrákios João, Eurico, eu e as respectivas Patroas, fizemos uma excursão exploratória à Balsa Nova.

O intento era descobrir e conhecer um tal de “Bar Barbante” que esse escriba lia em vermelho sobre uma flecha branca numa placa a beira da estrada, sempre que passava a caminho de Balsa Nova, a trabalho.

Saímos do Paraguassu por volta das 16:30h e em 40 minutos estávamos em frente a tal placa. Seguimos a seta até o final do asfalto, mas não encontramos nada. Continuava uma rua de terra com algumas residências e chácaras. Perguntamos a um passante que apontou dizendo imprecisamente que era mais para frente... Avançamos um pouco mais e as casas, algumas fechadas, foram rareando, enquanto a rua continuava por um descampado e se perdia numa mata mais adiante.

Desistimos e voltamos. Na esquina contrária a da placa, tinha um boteco de beira de estrada, pé sujo, chamado Bar do Charola, com um cavalo amarrado a um pilar, mais fino que o necessário para sustentar varandinha da entrada.

Descemos das motos em grande alvoroço como sempre, sob o olhar desinteressado do cavalo. Entramos no boteco vazio só com o Barman atrás de umas 30 garrafas de cachaças “temperadas” sobre o balcão e com um pano no ombro com poucos indícios de seu glorioso e alvo passado.

Perguntei sobre o Bar Barbante e o soturno Barman foi me dizendo que só abria durante a semana, mas que o dele estava aberto! Diante do quê fui logo mandando: “Já que é assim, então me serve uma cachaça dessas aí, bem amarga!”. Se arrependimento matasse... O sujeito pegou uma garrafa onde se lia “Pau de Raposa” e encheu dois martelinhos até a boca, e com mais duas cervejas voltei à mesa onde se instalaram meus companheiros de aventura.

O que se seguiu foi um show de caretas a cada bicada na cachaça, sendo a grande vencedora a do Eurico que com as duas mãos agarradas ao pescoço, com a língua de fora e a cara vermelha, gritava: “Fui envenenado! Fui Envenenado!”, acordando inclusive o cavalo que até então não nos dera bola. Diante do efeito da cachaça no paladar e na fachada dos amigos, deixamos os martelinhos de lado e nos concentramos na cerveja.

Enquanto amargávamos o Pau de Raposa, o Cesar Feijão veio nos salvar, por telefone. Ligou para saber onde estávamos e o João não resistiu e contou toda a história. E o Feijão aproveitou para sugerir que visitássemos o Massato Oda. Quem? “Massato Oda, um japonês maluco que serve sushi, sashimi e uma tal de Panera Maruka na casa dele, desde que você não se importe em ouvi-lo cantar num karaokê, em japonês!

A perspectiva era boa: japonês maluco, sushi, sashimi, saquê! Devolvemos o Pau de Raposa quase intacto, pagamos a conta, nos despedimos do tio Fester Addams que resmungou algo incompreensível de volta e tocamos pro Oda.

Estacionei minha moto numa das vagas cobertas por parreiras, ainda com cachos de uva pendurados. O Oda assistia com curiosidade à algazarra tradicional da chegada sentado no degrau da porta de entrada da Chácara do Vinho Maruka. Me aproximei e ele veio em minha direção dizendo “Ceéturmadishidiney?” Não entendi nada e pensei comigo: “Meu Deus o cara só fala japonês e agora?” E o João que é um profundo conhecedor das línguas intermediárias como o portunhol e o japoguês (português com sotaque japonês), me salvou respondendo num japoguês castíssimo, “Non, non, non, somuturmadiadom, né?” Gargalhadas gerais. Apenas o Oda não riu, entendeu o que o João falou mas não entendeu a piada. Heheheheh

Mesmo com o gelo quebrado, fomos informados (com tradução simultânea feita pelo João) que não seríamos servidos naquela noite, pois não éramos “turmadeshidiney, né?” Mas como o japonês estava louco pra começar os trabalhos, nos puxou para dentro para conhecermos a especialidade da casa: Grapa com 60° de álcool. O local muito simples com um bar e palco para o karaokê em madeira, tinha decoração mais simples ainda com calendários com imagens do Japão, lanternas japonesas, o tradicional gato sentado dando tchauzinho e um mapa do Japão onde o Oda apontava com o dedo e dizia: “Foi aqui que... Eu nasci, a dez mil anos atrás...” e caia na risada.


Grapa, vinho e saquê para todos e o Oda foi nos mostrar os pratos preparados para aquela noite e aproveitamos para bater umas fotos dos pratos com o João fazendo chifrinhos no japonês.


Depois de mostrar as carnes que seriam preparadas no gengiskan, apontou a receita da Panera Maruka que estava espetada na parede e que segundo a Silvana, fora escrito com sotaque japonês, com destaque para Brocori e Chanpião, como vocês podem conferir abaixo.


Apesar da diversão, nossa fome foi aumentando e como o Oda não parecia disposto a nos servir nem uma cebolinha em conserva, só queria saber de vinho, nos coçamos e levantamos acampamento, sob protestos do japonês que queria que cantássemos pelo menos uma musiquinha no karaokê. Declinamos gentilmente e nos despedimos com a promessa de retornar outro dia com reserva pra “turmadiadom, né?”.


Encerramos nosso passeio com um jantar digno do Fred Flintstone em uma churrascaria de Campo Largo e voltamos para casa com saudades da risada do Oda e com a esperança de tornar a vê-lo em breve.

Adão